Alguns dos migrantes resgatados estão a bordo do navio há 19 dias
O governo da França confirmou nesta quinta-feira, 10, que concedeu permissão para o desembarque de 230 migrantes a bordo do navio humanitário Ocean Viking, da ONG SOS Mediterrâneo, impedido de atracar na Itália. O navio segue agora para o porto de Toulon, onde deve chegar na sexta-feira, 11.
O Ocean Viking resgatou 234 migrantes no Mediterrâneo Central em operações realizadas entre 22 e 26 de outubro e, desde então, aguardava a designação de um porto seguro para desembarque dos sobreviventes. Nesta quinta-feira, quatro dos migrantes a bordo foram evacuados emergencialmente para a França.
Xavier Lauth, diretor de operações da SOS Mediterrâneo, afirmou que toda a equipe está aliviada que finalmente um porto seguro foi atribuído ao navio, o que põe fim a uma situação crítica. “Mas essa solução tem um gosto amargo: as 230 mulheres, crianças e homens a bordo do Ocean Viking passaram por uma provação terrível e estão exaustos, assim como nossas equipes”, afirmou. Alguns dos sobreviventes a bordo estão no navio há 19 dias, quando foi feito o primeiro resgate.
Para Lauth, a necessidade de desembarcar tão longe da área de atuação, no Mediterrâneo Central, e quase três semanas após o resgate “é resultado de uma dramática falha de todos os Estados europeus, que violaram o direito marítimo de forma sem precedentes”, disse. O Ocean Viking havia ficado sem resposta das autoridades italianas a seus pedidos de desembarque desde 27 de outubro.
Em pronunciamento nesta quinta-feira, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, chamou a postura da Itália em não aceitar os migrantes de “incompreensível”. Ele ainda suspendeu, em retaliação, o acolhimento de 3,5 mil refugiados que estão atualmente na Itália. “A França lamenta muito profundamente que a Itália tenha feito a escolha de não se considerar como um Estado europeu rensponsável”, afirmou.
Durante a semana, outros três navios humanitários foram autorizados a desembarcar cerca de 800 migrantes em portos italianos. A autorização veio após manifestações de ONGs contra a proibição de desembarque a parte dos sobreviventes a bordo dos navios Humanity 1, da ONG SOS Humanity, e Geo Barents, da Médicos sem Fronteiras.
De acordo com o Ministério do Interior italiano, pelo menos 89,2 mil migrantes já chegaram ao país pelo Mediterrâneo em 2022. No entanto, boa parte dessas pessoas costumam seguir viagem até outros países europeus, como a Alemanha, que tem 238,7 mil solicitações de refúgio, e a França, que tem 134,4 mil. A Itália, em comparação, acumula, segundo o gabinete de estatísticas da UE, 61,8 mil solicitações.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação Virtual