Pelo menos 115 migrantes já desapareceram a caminho das Ilhas Canárias em 2024
De acordo com a Polícia Federal, a embarcação com os corpos de nove migrantes encontrada no sábado, 13, no Pará, tinha como destino as Ilhas Canárias, arquipélago espanhol que já recebeu mais de 14 mil migrantes apenas no ano de 2024. Quase mil migrantes morreram ou desapareceram na rota das Ilhas Canárias em 2023.
De acordo com a PF, os indícios apontam que o barco provavelmente saiu da Mauritânia, na África, e acabou pegando uma corrente marítima com destino ao Brasil. Foram encontrados nove corpos na embarcação, sendo oito dentro e um próximo, em circunstâncias que sugeriam fazer parte do mesmo grupo, mas a PF estima que pelo menos 25 pessoas estavam a bordo do barco, construído artesanalmente, sem leme, motor ou sistema de direção.
Segundo a Polícia Federal, a perícia inicial revelou que documentos e objetos encontrados junto aos corpos apontam que as vítimas eram migrantes do continente africano, da região da Mauritânia e Mali, não sendo possível descartar a existência de pessoas de outras nacionalidades.
A Organização Internacional para as Migrações no Brasil (OIM) lamentou a morte dos migrantes e expressou solidariedade com as famílias das vítimas. De acordo com o projeto Missing Migrants, da OIM, pelo menos 64,6 mil migrantes morreram ou desapareceram em rotas migratórias de todo o mundo desde 2014.
Segundo a OIM, pelo menos 1.866 migrantes morreram ou desapareceram em rotas no continente africano em 2023, das quais 959 apenas na rota do Oceano Atlântico até as Ilhas Canárias. Desde janeiro de 2024, 115 migrantes já desapareceram na rota das Ilhas Canárias, de um total de 253 registros em todo o continente africano.
De acordo com dados do Ministério do Interior da Espanha, pelo menos 14.030 migrantes chegaram às Ilhas Canárias pela rota do Oceano Atlântico entre 1º de janeiro e 15 de abril. Esse número é 490,5% maior que o registrado no mesmo período de 2023, quando foi registrada a chegada de 2.376 migrantes no arquipélago.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação, com informações da Agência Brasil