Irmã Celsa Zucco, Diretora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), fala sobre a honraria a ser recebida no dia 04 de junho, às 19h, no Plenário Nadyr Rossetti, da Câmara Municipal de Caxias do Sul–RS.
“Em primeiro lugar, somos muito honrados com esse prêmio, e encaro isso como um reconhecimento pelo trabalho realizado pelo CAM dentro da comunidade brasileira, junto aqueles e aquelas em deslocamento forçado e imigração. Uma questão importante que gostaria de destacar é a adequação das nossas atividades aos tempos e lugares. Nesses 40 anos, estivemos em lugares diferentes, com públicos distintos, e estamos aqui enfrentando novos desafios para acolher o novo público advindo da tragédia ambiental que deslocará muitos gaúchos”.
É fundamental pontuar que, as migrações demonstram as mudanças da sociedade contemporânea, conforme demonstra último relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Nesse contexto, o CAM vem se adaptando a essa mudança global. A Instituição é um trabalho que iniciou na Serra Gaúcha, por iniciativa da Congregação das irmãs Scalabrinianas, e, nos últimos anos ampliou a sua forma de atuação, inicialmente atendendo vários municípios da Serra Gaúcha, depois com abrangência no Estado do Rio Grande do Sul, e atualmente com programas de capilaridade nacional, com iniciativas em formações e treinamentos a diversos atores da rede pública e privada.
O local que acolhe a esperança, tem atuação em diversas frentes, ou seja, Acolhida, primeiro contato dos migrantes com a instituição; o Advocacy com ações de incidência política; Conecta fortalecendo as soluções duradouras mediante o fortalecimento dos meios de vida e a empregabilidade. A Equidade visa defender e garantir direito, já o Formiga é um importante mobilizador social, onde são oferecidas formações em temas diversos. No Integrare, buscamos sensibilizar a comunidade para a integração local de todas as pessoas, independentemente do local de nascimento. O Legame é um importante programa de cuidado com a saúde mental, especialmente das pessoas que foram forçadas a se deslocar; por fim o Vitare, busca assegurar saúde e bem-estar aquelas que atravessaram mares e fronteiras em busca da esperança, como nos ensina a oração de São João Batista Scalabrini.
Tudo isso é fruto de um trabalho contínuo, construído ao longo de 40 anos por várias pessoas que passaram por aqui, refletindo as mudanças da sociedade e os diferentes perfis migratórios. Principalmente agora, estamos utilizando toda essa experiência como uma possibilidade de aplicar boas práticas para lidar com o novo fluxo migratório e com a tragédia climática no Estado do Rio Grande do Sul.
Estamos ainda na fase de respostas emergenciais, mas em breve precisaremos de uma resposta estruturante onde todos poderão nos ajudar a reconstruir nosso querido Rio Grande.”
Irmã Celsa Zucco, Diretora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), com a Equipe de Comunicação