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“Frequentemente excluídos”: alto comissário do ACNUR cobra atenção a refugiados climáticos na COP27

Pelo menos 70% dos refugiados e deslocados do mundo são de países vulneráveis à crise climática

Na segunda-feira, 7, dia que marca a abertura oficial da COP27, no Egito, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, alertou para o número crescente de pessoas obrigadas a deixar suas casas devido aos impactos da crise climática. Grandi apelou aos países para que trabalhem juntos para encontrar soluções e evitar um futuro catastrófico para milhões de pessoas.

Grandi ressaltou que pelo menos 70% dos refugiados e deslocados do mundo são originários de países altamente vulneráveis às mudanças climáticas, como Afeganistão, República Democrática do Congo, Síria e Iêmen. “Não podemos deixar que milhões de deslocados e quem os abriga enfrentem sozinhos as consequências das mudanças climáticas”, declarou Grandi.

“São países com um interesse enorme nas discussões sobre a crise climática, mas que frequentemente acabam excluídos”, afirmou o alto comissário do ACNUR. Ele ainda enfatizou que apenas um aumento nos financiamentos para mitigação e adaptação climática são capazes de aliviar as atuais e futuras emergências derivadas da crise climática.

De acordo com o Alto Comissariado nas Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), no interior da Somália, cerca de um milhão de pessoas foram forçadas a se deslocar por causa da seca e pela ameaça da fome. Em Moçambique, ciclones afetam atualmente 10 milhões de pessoas, muitas das quais tiveram que se deslocar anteriormente por causa da violência.

Ainda segundo o ACNUR, mais de 3,4 milhões de pessoas deslocadas e seus anfitriões encaram as consequências das enchentes destrutivas e recentes na Nigéria, Chade, Camarões e nos países do Sahel Central: Niger, Burkina Faso e Mali.

No norte de Camarões, a violência entre comunidades cresceu entre pastores, pescadores e fazendeiros devido à redução das fontes de água, causada pela seca do Lago Chade e dos seus afluentes. Mais de 100 pessoas foram mortas ou feridas no ano passado, e outras 10 mil precisaram abandonar suas casas para fugir da violência.

Além disso, a seca na América Central, instaurada no “Corredor Seco”, tem forçado fazendeiros a migrar para cidades próximas, nas quais estão vulneráveis à violência de gangues de rua. Em outras partes próximas da região de Honduras, as mudanças climáticas são um dos poderosos fatores que ampliam o deslocamento causado por furacões, que estão mais fortes e frequentes.

A COP27 acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito, até 18 de novembro, e tem como um dos principais itens em pauta a criação de um fundo para indenizar países em desenvolvimento por perdas e danos provocados pelas mudanças climáticas, ideia que encontra resistência nas nações ricas.

Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação Virtual

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