Mais de 6 mil migrantes morreram em rotas migratórias em todo o mundo durante o ano de 2023
O Papa Francisco enviou uma mensagem ao 2º Fórum Global sobre Refugiados, que acontece de 13 a 15 de dezembro em Genebra, Suíça. No texto, lido pelo cardeal Pietro Parolin, o Pontífice pede que todos tenham a oportunidade de viver com dignidade em seus países se origem, sem precisar fugir por guerras, violência e violações de direitos.
Francisco destaca no texto que todos merecem “um lugar que possa chamar de lar. Ser refugiado não deve ser a mera concessão de um status, mas o reconhecimento da plena dignidade humana”. Ele reiterou, ainda, que “ninguém deve ser repatriado para um país onde possa enfrentar graves violações dos direitos humanos ou até mesmo a morte.”
O Pontífice destacou que, no atual cenário, “proteger e salvar vidas deve continuar sendo a nossa principal prioridade”. De acordo com o projeto Missing Migrants, da Organização Internacional para as Migrações (OIM), pelo menos 6.051 migrantes morreram ou desapareceram em rotas migratórias em todo o mundo em 2023.
No texto, Francisco lembra sobre os desafios da migração, ressaltando que “todos deveriam ser livres para escolher entre migrar ou não”. Diante dos 114 milhões de pessoas deslocadas à força em todo o mundo, “muitas delas internamente, devido a conflitos, violência e perseguições”, são necessárias respostas eficazes, afirma o Papa, que destaca que, embora as causas da migração forçada tenham se tornado “mais complexos”, as respostas atuais não são suficientes para responder a esses desafios.
O Papa exorta todos a “proteger e salvar vidas humanas”, que precisam ser vistas como rostos e não números, “cada um com a sua história e sofrimento”. No texto, Francisco pede, ainda, respeito ao “princípio da repatriação segura e voluntária” daqueles que são obrigados a migrar. “Ninguém deve ser repatriado a um país onde possa enfrentar graves violações dos direitos humanos ou até mesmo a morte”, ressalta, afirmando que “todos somos chamados a criar comunidades prontas e abertas para acolher, promover, acompanhar e integrar aqueles que batem à nossa porta.”
O Pontífice destaca, ainda, que “os refugiados são pessoas com direitos e deveres, e não meros objetos de assistência. Pelo contrário, esses homens e mulheres, com seus dons e capacidades, podem se tornar “um recurso para as comunidades anfitriãs” e afirma que o Fórum é uma demonstração da vontade de “resolver o grande problema dos refugiados como uma responsabilidade comum.”
Na mensagem, Francisco reconhece os progressos alcançados e afirma: “estamos em um momento crucial, isto é, escolher “ou a cultura da humanidade e da fraternidade, ou a cultura da indiferença”, uma decisão vital para que a humanidade dê “um salto de consciência para evitar o naufrágio da civilização.”
“Espero, pois, sinceramente, que este Fórum trabalhe para reavivar tanto o “espírito” como a “visão” da Convenção sobre os Refugiados de 1951”, afirma o Papa, que diz esperar que o evento reafirme “os princípios da fraternidade, da solidariedade e da não repulsão” a partir de uma cooperação internacional e do compartilhamento da responsabilidade no acolhimento de refugiados.
Por Amanda Almeida, da Equipe de Comunicação, com informações de Vatican News