O Vaticano divulgou nesta quinta-feira, 10, a Mensagem do Papa Leão XIV para o V Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado em 27 de julho, com o tema “Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança” (cf. Sir 14, 2).A data é celebrada no quarto domingo de julho, próximo à memória dos Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus, recordados em 26 de julho.
Leão XIV inicia a mensagem destacando que o Jubileu vivido pela Igreja ajuda “a descobrir que a esperança é, em todas as idades, perene fonte de alegria”. Ele recorda que a Bíblia apresenta muitos casos de homens e mulheres de idade já avançada que são incluídos nos desígnios de Salvação de Deus, destacando Abraão e Sara que, idosos, ficam incrédulos com a promessa de Deus de lhes dar um filho. “A impossibilidade de gerar parecia ter fechado o seu olhar de esperança para o futuro”, afirma.
Os idosos como sinal de esperança
O Papa destaca que a Bíblia mostra várias vezes a providência de Deus se dirigindo aos idosos, citando Abraão, Sara, Zacarias, Isabel e Moisés, que foi chamado a libertar seu povo aos 80 anos. “Com estas escolhas, Ele ensina-nos que, aos seus olhos, a velhice é um tempo de bênção e graça e que, para Ele, os idosos são as primeiras testemunhas da esperança”, ressalta o pontífice, que sublinha o atual aumento das pessoas de idade mais avançada é um “sinal dos tempos que somos chamados a discernir, para ler bem a história que vivemos.”
Leão XIV destaca que só é possível compreender a vida da Igreja e do mundo através do contato com as outras gerações e, por isso, “abraçar um idoso ajuda-nos a entender que a história não se esgota no presente, nem em encontros rápidos e relações fragmentárias, mas se desenrola rumo ao futuro”. Ele recorda, ainda, o episódio do livro do Gênesis da bênção dada por Jacó aos seus netos, cujas palavras exortam a olhar com esperança para o futuro.
“Se é verdade que a fragilidade dos idosos precisa do vigor dos jovens, é igualmente verdade que a inexperiência dos jovens precisa do testemunho dos idosos para projetar o futuro com sabedoria”, sublinha o Papa, que destaca o exemplo de fé e devoção, virtudes cívicas, compromisso social, memória e perseverança dos avós. “A nossa gratidão e coerência nunca serão suficientes para agradecer este bonito legado que nos foi deixado com tanta esperança e amor”, afirma.
Desde as suas origens bíblicas, o Jubileu representou um tempo de libertação: os escravos eram libertados, as dívidas perdoadas, as terras devolvidas aos seus proprietários originais. Era um momento de restauração da ordem social desejada por Deus, em que se sanavam as desigualdades e as opressões acumuladas ao longo dos anos. Na sinagoga de Nazaré, Jesus renova estes eventos de libertação quando proclama a boa nova aos pobres, a visão aos cegos, a soltura dos prisioneiros e o retorno à liberdade para os oprimidos (cf. Lc 4, 16-21).
Sinais de esperança para os idosos
“Olhando para os idosos nesta perspectiva jubilar, também nós somos chamados a viver com eles uma libertação, sobretudo da solidão e do abandono”, destaca Leão XIV, que destaca que esse é o momento propício para essa vivência, que deve derrubar os muros da indiferença que muitas vezes aprisionam os idosos.
Ele ressalta que essa situação exige uma mudança de atitude, chamando as paróquias, associações e grupos eclesiais a se tornarem protagonistas da “revolução” da gratidão e do cuidado, que deve incluir visitas frequentes aos idosos, criando redes de apoio e oração e “tecendo relações que possam dar esperança e dignidade àqueles que se sentem esquecidos.”
Leão XIV destaca que, por esse motivo, o Papa Francisco quis que o Dia Mundial dos Avós fosse celebrado indo ao encontro dos que estão sozinhos e, pela mesma razão, decidiu que aqueles que não puderem ir até Roma durante o Ano Jubilar podem “obter a Indulgência jubilar se se deslocarem para visitar por um côngruo período […] idosos em solidão […] quase fazendo uma peregrinação em direção a Cristo presente neles.”
Esperança na velhice
O livro de Bem Sirá afirma que a bem-aventurança é daqueles que não perderam a esperança, recorda o Papa, que pontua, ainda, que isso leva a entender que, na nossa vida “podem existir muitos motivos para sempre lançar o olhar para o passado, em vez de olhar para o futuro”. No entanto, ele destaca, recordando um escrito do Papa Francisco para o Angelus de 16 de março de 2025, apesar do físico ser fraco, nada pode impedir de amar, rezar e nos doarmos uns pelos outros, sendo sinais de esperança. “Possuímos uma liberdade que nenhuma dificuldade pode tirar-nos: a de amar e rezar. Todos, sempre, podemos amar e rezar”, afirma o pontífice.
“O bem que desejamos às pessoas que nos são caras – ao cônjuge com quem compartilhamos grande parte da vida, aos filhos, aos netos que alegram os nossos dias – não desaparece quando as forças se esvaem. Pelo contrário, muitas vezes é justamente o carinho deles que desperta as nossas energias, trazendo-nos esperança e conforto”, ressalta o Papa.
Leão XIV exorta os fiéis a transmitirem com amor a fé vivida na família e nos encontros cotidianos, louvando sempre a Deus por sua benevolência, cultivando a unidade com as pessoas queridas e abrindo o coração aos que estão distantes, em especial os necessitados. “Assim, seremos sinais de esperança, em todas as idades”, sublinha.
Por Amanda Almeida, do Serviço de Comunicação